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quinta-feira, 28 de março de 2013

Seis meses depois, polícia perde prazo e inquérito sobre caso da criança cortada ao meio é estendido

Trator
Segundo Ministério Público, inquérito deveria ter sido entregue no último dia 21


A Polícia Civil não cumpriu o prazo para a conclusão do inquérito que investiga a morte do menino Carlos Eduardo Souza Costa, de dez anos, que morreu ao ser atropelado por um trator em um terreno na rua Pernambuco, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Segundo o promotor Jorge Magno Reis, o documento deveria ter sido entregue no último dia 21, porém, por falta de provas técnicas, o prazo foi estendido por mais dois meses.
— A perícia que foi feita no trator está entre os documentos que não foram anexados ao inquérito. Por isso, a Polícia Civil terá mais 60 dias para providenciar as provas.
Esta é a segunda vez que o Ministério Público pede a inclusão deste documento no inquérito. Conforme informou o promotor, caso a demora persista, será providenciado um mandado de busca e apreensão dos laudos e um procedimento administrativo para investigar o trabalho dos peritos da polícia será instaurado.
Revolta
Aline Souza Costa, 28 anos, passou por longo período de depressão. Emagreceu, deixou de trabalhar e chegou a ficar quatro dias sem comer. Aos poucos, recuperou as forças para buscar respostas sobre a morte do filho. Sem retorno, ela se diz perdida. A esperança, segundo ela, diminui a cada dia.
— Isso mudou toda a trajetória das nossas vidas. Como pode nada andar? Já tem tanto tempo e ninguém dá uma posição sobre nada para a gente. Nosso sentimento é de derrota, de abandono, de que nada vai dar certo. Tem dias que acordo, penso nisso tudo, e me acho um nada, pois é desta forma que estão tratando a gente.
Aline e a mãe, Marisa Azevedo Costa, 51 anos, dedicam quase todo o tempo que têm a colher e juntar informações que possam apontar um rumo definitivo às investigações. Segundo a avó do menino, encontrar o culpado seria a única forma de minimizar a dor por não ver mais o neto subindo em árvores e correndo pelo quintal.
— Quando você vê a Justiça, pelo menos dá um conforto, é sinal de que ele não morreu em vão. Mas a gente não vê nada, estamos no chão, não conseguimos mais andar para frente, não conseguimos respirar, parece que estamos sufocadas o tempo todo. Sabe, tem dias que não acredito que nunca mais vou ver aquele menino alegre na minha frente, brincando.
Falha em freio
No início da investigação, policiais da Delegacia da Posse (58ª DP) ouviram o condutor do trator. Contudo, nada foi esclarecido. Segundo Celso da Silva, 63 anos, o freio do trator travou e o veículo ficou descontrolado. Com o barulho da máquina, Cadu não teria escutado seu alerta para “sair da frente”.
O dono do veículo, identificado como Valdecir, afirmou ter alugado o trator para Celso 25 dias antes do atropelamento. Segundo ele, em nenhum momento os responsáveis pela obra comunicaram problema no carro, versão contrária à contada pelos vizinhos, que disseram ter visto a draga perder o controle por falta de freio dias antes da morte do menino.
O responsável pela intervenção no terreno, um comerciante que mora na região há 20 anos, disse à polícia que não havia obra no local, mas sim uma limpeza da área. No depoimento, não citou qualquer defeito relacionado ao trator.

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