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sábado, 23 de março de 2013

Número de indiciados “surpreendeu”, diz representante de vítimas de Santa Maria

Investigação sobre tragédia concluiu que 16 pessoas devem responder criminalmente






O presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Adherbal Alves Ferreira, avaliou como positivo o resultado da investigação do incêndio na boate Kiss, que deixou 241 mortos e 623 feridos. Ao todo, 16 pessoas foram indiciadas criminalmente pela tragédia.

— Foi uma grande surpresa para nós porque não sabíamos que tantos iam ser indiciados. Foi uma surpresa de certa forma satisfatória.

De acordo com Ferreira, seis pessoas da associação acompanharam a apresentação do inquérito na tarde desta sexta-feira (22). O documento é composto por 13 mil páginas divididas em 52 volumes e foi entregue na 1ª Vara Criminal pelos delegados Marcelo Arigony e Sandro Meinerz, responsáveis pela investigação.
Vídeos do incêndio foram divulgados pela polícia durante a coletiva, que aconteceu no campus da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Segundo Ferreira, que perdeu uma filha na tragédia, esse foi o momento que mais ”emocionou” os familiares.

—  O que mais nos chocou foi o vídeo que a gente assistiu lá daquele momento da tragédia, dos gritos, dos nossos filhos.
No próximo domingo (24), os pais das vítimas vão se reunir para analisar o inquérito.

Indiciados

Foram indiciados criminalmente por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, o cantor e produtor da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão; os dois sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann; o gerente do estabelecimento, Ricardo de Castro; a mãe e a irmã de Spohr, Marlene Teresinha Calegaro e Ângela Calegaro e dois bombeiros que realizaram vistoria no local antes do incêndio: Gilso Martins Dias e Vagner Guimarães Coelho.

O atual secretário municipal de Mobilidade Urbana, Miguel Caetano Passini, o secretário municipal do Meio Ambiente, Luiz Alberto Carvalho Junior, o chefe da fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana, Beloyannes Orengo de Pietro Júnior, e o funcionário da secretaria de Finanças que emitiu o alvará de localização da boate, Marcus Vinicius Bittencourt Biermann, responderão por homicídio culposo - quando não há intenção de matar.

Já o major Gerson da Rosa Pereira e o sargento Renan Severo Berleze, do Corpo de Bombeiros, que incluíram documentos na pasta referente ao alvará da boate, foram indiciados por fraude processual.

Principais conclusões

O delegado Marcelo Arigony informou que as investigações apontaram que a boate não tinha condições de funcionar. Além do uso indevido de fogos de artifícios, a casa de show possuia barras de ferro de contenção que impediram a saída das pessoas do local e não tinha saídas de emergência. Mais de 119 pessoas disseram em depoimento que a boate estava superlotada, o que foi comprovado.

Os delegados envolvidos no caso participaram de uma entrevista coletiva, que começou por volta das 14h30 desta sexta-feira (22), no campus da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), para anunciar as informações contidas no inquérito.

Desde o dia 28 de janeiro, dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira — o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Augusto Bonilha Leão — estão presos. O grupo, que se apresentava na casa noturna no momento da tragédia, teria usado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos. Dois sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, também estão presos.

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